Caminhada na Serra do Açor
Caminhada na Serra do Açor

No dia 05/06/2013, pelas 09h00, deu-se início ao desenvolvimento de mais uma caminhada, desta feita em plena Serra do Açor, que nos havia de guiar de Vale de Maceira ao Piódão, numa extensão de 10km, dirigida aos alunos do Curso Profissional de Técnico de Construção Civil e do Curso de Educação e Formação – Informática (num total de 40 alunos, acompanhados por 4 professores e 1 funcionário), no âmbito das disciplinas de Área de Integração, Tecnologias da Informação e Comunicação, Inglês, Tecnologias e Técnicas Específicas de Informática.
A promoção deste tipo de atividades que, legitimamente, preferimos apelidar de “Caminhadas Pedagógicas”, é observada como um exercício do querer, a educação da vontade e o fundamento para uma personalidade bem integrada com a natureza, uma vez que a interação com a natureza proporciona um exercício de excelência no contacto com o património natural e cultural, na melhoria da condição física e bem-estar psicológico de todos os que a praticam, e é uma atividade excelente para a socialização, para além de que traz benefícios reais e mensuráveis para a resolução criativa de problemas, aumentando o desempenho em tarefas, individuais e coletivas.
Imbuídos de um espírito de aventura, partimos da escola às 09h00 e chegámos a Vale de Maceira pelas 10h10, onde, de pronto, demos início à caminhada! Mais uma vez fomos abençoados com um dia magnífico. Um sol maravilhoso, paisagens deslumbrantes e uns “metros” de montes a colocar à prova os mais resistentes, era o que nos aguardava.
À medida que nos íamos embrenhando na vegetação, a natureza assumia-se rainha e, com tudo a apontar para uma caminhada “hard, very, very hard”, aos poucos fomos “acordando em pleno voo”. Sinceramente, não havia lembrança da parte de ninguém que tivéssemos descolado… certo é que, enquanto a Sr.ª das Preces ia ficando para trás, montes íngremes acima, em curtos metros percorridos passámos de uma altitude de 750m para 1300m, avistando ao longe a Serra da Estrela em toda sua grandiosidade, encimada por um céu azul-turquesa.
Para além de perceber a importância das montanhas enquanto ecossistemas com grande biodiversidade de fauna e flora, os alunos foram tendo a oportunidade de, numa distância de alguns quilómetros, observar a passagem de testemunho da imensa massa granítica ao acastanhado xisto.
Depois de cumprido cerca de metade do percurso, sempre, sempre a subir, parámos para retemperar forças e reabastecer no platô do “Colcorinho”, local de uma vista magnífica a 360º. Aí se encontra uma capela, a qual deve ter merecido algumas devoções, tais eram os “ai Jesus” que se ouviam serrania acima.
O local é maravilhoso, de paisagens deslumbrantes, e muita gente certamente não conhece um espaço tão português, tão nosso! Definitivamente, o “Colcorinho” não é passível de fotografias ou descrições, ele tem que ser vivido, com uma maior consciencialização e integração entre o homem e a natureza. É um lugar de um encontro de pessoas que partilham valores, admiração e alegria pela natureza.
Voltámos a meter pés ao caminho, desta feita sempre, sempre a descer!… Ao longe, era possível observar a Estalagem do INATEL no Piódão, local onde chegámos cerca das 13h30 e onde iríamos degustar o nosso merecido almoço. O mais incrível é que todas as calorias gastas na caminhada foram ali multiplicadas sem nenhuma reclamação!
Depois do almoço, foi ver alguns “lagartear ao sol”, outros a andar de bicicleta, outros simplesmente a relaxar.
Às 14h45 descemos à aldeia do Piódão, e às 15h30 regressámos em autocarro às instalações da Escola.
Em síntese, a difícil caminhada foi maravilhosa! Importava garantir o senso de zelo para com a natureza e a transmissão de exemplos de sustentabilidade ambiental, e isso foi plenamente conseguido.
As caminhadas que têm vindo a ser organizadas surgem já como uma afirmação educativa em alunos em que se observa uma delicada transição da adolescência para a vida adulta. Nesta fase, sabemo-lo, o ambiente social já está fortemente configurado, assim como os fundamentos do caráter de cada um se vão evidenciando exteriormente. No entanto, é uma altura em que o próprio jovem ainda não se reconhece: ele precisa do grupo para se afirmar e precisa do mundo como campo de testes para se descobrir.
É neste cenário que os promotores desta atividade têm colocado algumas das suas energias, convictos que, numa caminhada pela natureza cada aluno resgata o nascimento da vontade individual pelo andar, mas agora dotado de uma consciência de que os seus passos deixarão marcas. Aqui, o aluno sente que faz parte de um grupo, mas também que precisa de se posicionar individualmente nos momentos de necessidade, de ajudar um colega ou de tomar uma decisão. Enfrentar os medos, o desconhecido e o cansaço são uma verdadeira preparação para os desafios da vida e exigem algum crescimento interior. É por isso um exercício de propósito e de vontade! Cumprir uma meta, fazer a caminhada e ver-se capaz de realizar algo que julgava não ser capaz; enfim, superar-se.
As caminhadas em ambiente de natureza expõem a essência de cada um e levam-nos a um maior autoconhecimento. Invariavelmente os alunos terminam cada caminhada com registos de alegria, mesmo que suados ou cansados, expressam a verdade do desafio vivenciado.